26 de junho de 2003

VAIVÉM

Recebi hoje duas notícias por telefone.
Uma anunciava-me um nascimento, a outra, uma morte.
Na província, uma prima dava à luz. Um camião de quase quatro quilos (1º parto...). Telefonei-lhe a dar-lhe os parabéns e a certificar-me que ainda respirava. Calculo que no mesmo dia tenham nascido outros 16 milhões de crianças iguais a esta. O que nos dá sempre uma sensação de humildade.

O segundo telefonema falava-me do suicídio de alguém que conheci em criança. Com quem convivi desde que nasci até à adolescência.
Era um homem (vejo-o como o jovem que deixei no momento da partida) sem nada de especial. Pequeno e simp?tico. Sem profissão de jeito, nem vida sentimental que lhe preenchesse tão bem o vazio como o álcool.
Matou-se. E com a sua morte foi como se uma borracha invisível apagasse mais uma imagem da minha vida. Uma a uma, elas vão desaparecendo até só restarem os seus fantasmas.
Deve ser por isso que chegar ao fim, na velhice, nos há-de parecer um acto natural...

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